O que é erva-mate – e essa bebida com cafeína é realmente boa para você?

Os grupos tribais sul-americanos que fabricaram esta bebida pela primeira vez, séculos atrás, consideraram-na um presente dos deuses. Muitos ainda concordariam hoje.

Poucas bebidas podem oferecer os benefícios do chá para a saúde, a força do café e a alegria do chocolate como a super bebida da América do Sul, a erva-mate.

Contendo quase tanta cafeína quanto o café, cerca de 80 miligramas por xícara, o mate ganhou popularidade global – tanto que marcas como Perrier, Red Bull e PepsiCo lançaram bebidas à base de mate. De acordo com o Future Market Insights, as vendas globais de erva-mate totalizarão US$ 2,18 bilhões em 2023 e, na próxima década, a demanda pelo elixir aumentará 5,7%.

Mas muito antes de a bebida chegar às discotecas alemãs e às mercearias americanas, era um chá tradicional feito com folhas e ramos macerados de uma planta indígena, consumido em toda a Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai pelos seus benefícios para a saúde. Muitos sul-americanos continuam a preparar erva-mate usando métodos semelhantes desenvolvidos por seus ancestrais indígenas.

Junto com os supostos benefícios de apoiar a perda de peso, concentração e melhor digestão, beber erva-mate continua a simbolizar a cultura e a tradição no Cone Sul. Aqui está o que você deve saber sobre esta alternativa energética ao chá e ao café.

Cultivadas na floresta subtropical da América do Sul, as folhas da erva-mate – um arbusto perene – são aparadas à mão, secas, moídas e depois envelhecidas em ambiente controlado durante nove a 24 meses. Uma vez preparada, contém mais antioxidantes do que qualquer outra bebida à base de chá.

Os indígenas guaranis do Paraguai, os primeiros a consumir a erva-mate, consideravam a bebida um presente dos deuses. “O mate era usado na comunicação com as divindades e como remédio”, diz Alejandra Lapietra, sommelier argentina de mate.

(Aqui estão os melhores destinos do mundo para os amantes do chá.)

“Os Guarani usavam uma cabaça para preparar as folhas e filtravam usando os dentes ou o antecedente direto da bombilla (palha perfurada), um tacuapi (cana de bambu) feito de cestaria de tacuara (palitos de bambu) como filtro”, diz Lapietra. “O ritual guarani de consumir mate como confraternização continua até hoje.”

Outros grupos tribais consumiam mate, incluindo os Charrúa do Uruguai e os Tupí do Brasil, que mastigavam as folhas para obter os benefícios fitoterápicos. “Mastigar a folha foi uma forma de extrair a maior quantidade de ingredientes bioativos que davam energia e vitalidade”, diz Lapietra.

As plantas utilizadas para produzir erva-mate eram valorizadas por grupos tribais em toda a América do Sul. “O mate era considerado ouro verde”, diz Valeria Trápaga, sommelier argentina de mate e autora de The Mate in Body and Soul. “Foi uma moeda de troca com o comércio que se estende muito além da região de produção.”

Quando os missionários jesuítas chegaram ao Paraguai no século XVII, proibiram o consumo de mate por considerá-lo um hábito pouco saudável. “Em 1611, Marín Negrón, governador de Assunção, puniu os flagrados segurando erva com cem chicotadas”, diz Jerónimo Lagier, autor de As Aventuras da Erva Mate.

Lagier diz que a proibição terminou por volta de 1630, quando o consumo e o comércio de erva-mate foram legalizados. “Os jesuítas descobriram que o mate não era um alucinógeno, mas saciava a sede e a fome como fonte de energia devido ao seu teor de cafeína. Ficou evidente para eles a vantagem econômica de domesticar a planta”, diz Lapietra.

Para quem procura uma alternativa “mais saudável” à cafeína, o mate é uma ótima pedida. “A cafeína na erva tem um efeito gradual quando é bebida [lentamente], de modo que a cafeína não é ingerida de uma só vez”, diz Eva De Angelis, nutricionista e nutricionista argentina, ao contrário de beber café ou chá, acrescenta.

Vários estudos demonstraram que a cafeína pode aumentar o estado de alerta mental e melhorar o desempenho físico. Os benefícios adicionais de beber o chá incluem propriedades antimicrobianas, apoio à perda de peso, redução do açúcar no sangue e redução dos níveis de colesterol, risco de doenças cardíacas e inflamação crônica.